domingo, 20 de setembro de 2009

INACREDITÁVEL

Este homem esteve este fim de semana em Portugal (Santa Maria da Feira)a dar uma palestra sobre o crime organizado.

Roberto Saviano, que denunciou no seu livro (Gomorra) os negócios da máfia italiana e foi depois disso ameaçado de morte por diversas vezes e vive com 5 policias 24 horas por dia, só sai de casa para dar este tipo de palestras pela Europa fora.

O escritor vive há três anos num limbo: "Estás vivo, mas tens uma aura de morte à tua volta"

Dois mercados, dois negócios: o petróleo e a cocaína. "Ignorar isto significa que não se percebe o que está a acontecer", garante Saviano, que lamenta a ausência de estruturas criadas à escala europeia para analisar as redes do crime organizado.

O escritor considera que Gomorra mostra que a Itália quer ser diferente. "Falar das contradições do nosso país significa resistir. Ter escrito um livro significa dar poder à palavra e a palavra mete medo às organizações criminosas, aos políticos, ao poder."

"Como é que um homem assim pode meter medo a uma organização tão poderosa?" A pergunta é de Saviano e surgiu logo no início da sua exposição de ontem, quase como antecipação do que a plateia, num auditório de 200 lugares quase cheio, estaria a pensar. A resposta é imediata.

"A máfia não tem medo de mim, tem medo dos meus leitores, que são cerca de três milhões só em Itália." Gomorra tornou-se um best-seller. "As vendas do livro, que apareceu na televisão, teve atenção das capas dos jornais, amarrou a atenção das pessoas, tudo isto provocou este incómodo." Saviano passou a viver num limbo. "Estás vivo, mas tens uma aura de morte à tua volta."

Christian Poveda, jornalista e autor de um documentário sobre a máfia de El Salvador, assassinado no início deste mês, entrou também no discurso de Saviano. "Quem fala dos poderes é destruído: ou é denegrido ou é morto."

A história do padre da sua terra também foi recordada. "Fez algo único e raro: disse que não se pode ser padre sem denunciar organizações criminosas." Foi assassinado. "Por uma questão de honra e vingança falei dele no meu livro."

Ao mesmo tempo nos faz um aviso, Portugal não está fora destas acções criminosas
"É preciso ter cuidado porque o problema está a tornar-se grave. Hoje, o perigo está no facto de as costas espanholas andarem mais vigiadas, o que leva os traficantes a entrar por Portugal. A sociedade portuguesa não sente este problema como seu, mas eles também passam por cá", disse, lembrando que "investigações italianas localizaram aqui muitos investimentos mafiosos feitos com dinheiro branqueado".

Parte do texto foi retirado da noticia do jornal Publico

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